Mães de autistas pedem apoio para tratamento no Caparaó
Nesta quarta-feira (7), o Plenário Dirceu Cardoso recebeu a visita de Marília Florindo Amorim, Monique Lara Fontes e Estefânia Angel, mães de autistas que, em uma emotiva intervenção, solicitaram o apoio dos deputados estaduais para melhorar a oferta de tratamento especializado na rede pública de saúde da região do Caparaó. As representantes trouxeram à tona a preocupação com a escassez de profissionais qualificados em Ibitirama e Iúna, o que compromete o desenvolvimento das crianças com Autismo.
Marília Florindo Amorim, pedagoga e especialista em educação especial, destacou a ausência de tratamentos fundamentais na região, como terapia ABA, fonoaudiologia, terapia ocupacional e atendimento com neuropediatra. “Isso significa para nós, famílias atípicas, muito mais do que um simples tratamento; isso significa tempo de vida para eles”, afirmou Marília, que é mãe de Davi, de 3 anos. A situação é complicada ainda mais por um “jogo de empurra” entre a Secretaria de Saúde municipal e o Serviço Especializado de Reabilitação para Pessoas com Deficiência Intelectual e Autismo (Serdia), dificultando o acesso a serviços necessários.
As dificuldades não se limitam ao âmbito da saúde, mas se estendem também para a educação. Monique Lara Fontes, mãe de um adolescente de 14 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ressaltou a falta de cuidadores e a baixa qualificação dos profissionais nas escolas. Ela apontou que “a remuneração é muito baixa”, o que desestimula profissionais de atuarem nessa área vital.
“Nos, familiares, sofremos um luto diário. É uma guerra constante entre o saber do amanhã, o futuro. O que esperam essas crianças?” avaliou Monique, adicionando que as terapias são essenciais para o desenvolvimento das crianças. Estefânia Angel compartilhou sua experiência com seu filho Guilherme, de 18 anos, que se formou em técnico em Florestas e agora trabalha na área, ressaltando que esse progresso se deu pela iniciativa particular, já que a oferta pública é insuficiente.
“Todo autista é capaz. Nós mães precisamos acreditar no potencial dos nossos filhos e lutar para que eles tenham essas terapias e se tornem adultos funcionais”, disse Estefânia, enfatizando a necessidade de que essas terapias sejam oferecidas gratuitamente, especialmente para famílias que não podem contar com outro suporte, pois muitas mães, obrigadas a cuidar de crianças atípicas, se veem impedidas de trabalhar.
A neuropsicopedagoga Dianes Sanguini corroborou os apelos das mães, afirmando que todas as crianças com Transtorno do Espectro Autista têm a capacidade de aprender, dependendo do apoio adequado. O deputado Coronel Weliton (PRD), autor do requerimento que possibilitou a presença das mães na Tribuna Popular, destacou que a sobrecarga emocional e financeira recai frequentemente sobre as mães, que acabam deixando seus empregos para cuidar dos filhos autistas. “Nós pagamos imposto justamente para isso, para o imposto retornar em forma de prestação de serviço”, defendeu.
Além dos relatos sobre a situação dos autistas, a empreendedora Roberta Bellumat também fez uma apresentação no plenário, abordando a necessidade de cuidados humanizados e dignos para pessoas da terceira idade. Coautora do livro “O Dever de Cuidar”, Roberta apresentou dicas úteis e apontou erros comuns na contratação de cuidadores, enfatizando a importância do conhecimento e da preparação das famílias.
A sessão desta quarta-feira foi marcada por um chamado à ação dos representantes da ALES para melhorar as condições de saúde e educação para crianças com autismo e pessoas da terceira idade na região.
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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