Assessor do Presidente Critica Falta de Diálogo Comercial com os EUA
O embaixador Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais do governo brasileiro, afirmou nesta quarta-feira (20) que os Estados Unidos não demonstram interesse em negociar as divergências comerciais levantadas pelo presidente Donald Trump. A declaração foi feita durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.
Amorim destacou que as sobretaxas impostas pelo governo dos EUA a mais de uma centena de países colocam em risco o sistema multilateral de comércio, criado após a Segunda Guerra Mundial e sustentado por acordos que estabeleceram regras globais para o comércio.
“Estamos enfrentando uma disputa comercial com os Estados Unidos que possui características específicas para o Brasil. No entanto, o que está em jogo é o próprio sistema multilateral de comércio”, enfatizou o embaixador, alertando sobre as “profundas mudanças na ordem internacional”.
O diplomata relembrou a importância de estruturas como o Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), ressaltando que um país forte não pode impor tarifas unilateralmente sem prejudicar o comércio global. “Como cidadãos do mundo, devemos defender o sistema multilateral de comércio”, afirmou.
Amorim também criticou a postura dos EUA em relação ao Brasil, que ele definiu como influenciada por questões político-ideológicas. “O comércio internacional não pode ser regido pela lei do mais forte”, destacou, lembrando que o Brasil é o único país a sofrer sobretaxas onde questões políticas foram abertamente misturadas ao comércio. O assessor citou a Ordem Executiva do governo Trump, que indicou que a elevação das tarifas sobre produtos brasileiros está relacionada à instabilidade política do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enfrenta processos judiciais no Supremo Tribunal Federal (STF).
O embaixador recordou um incidente em que Trump divulgou uma mensagem crítica ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes mesmo de Lula a receber. “Nunca vi um nível de desrespeito e intromissão assim”, afirmou Amorim sobre a correspondência, que incluiu referências a questões internas do Brasil e foi torna pública ao mesmo tempo de seu envio.
Amorim reiterou a disposição do governo brasileiro para negociar: “Não queremos romper com os EUA. Não tomamos nenhuma ação hostil e sempre procuramos negociar.” O embaixador também mencionou que uma conversa telefônica entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi cancelada devido a uma interferência externa.
A audiência pública e os comentários de Amorim seguem em meio a crescentes tensões comerciais entre os dois países, refletindo um contexto internacional cada vez mais complexo.
Estados Unidos não desejam negociar tarifas, afirma Celso Amorim
Fonte: Agencia Brasil.
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