Críticas à Concessão do Nobel da Paz a María Corina Machado
A escolha da líder da extrema direita venezuelana, María Corina Machado, para receber o Prêmio Nobel da Paz gerou forte reação entre líderes, especialistas e movimentos sociais. Reconhecida por seu apoio ao governo de Benjamin Netanyahu e por incitar a agressão armada contra a Venezuela, a indicação é vista como uma provocação por diversos setores da sociedade.
A Voz da Crítica
O jornalista espanhol Ignacio Ramonet descreveu a situação como “a necrose de um Prêmio Nobel”. Segundo ele, a concessão do prêmio a uma figura que defende invasões militares e golpes de Estado é uma aberração na atual desordem internacional. Ramonet afirmou que essa decisão representa uma distorção dos princípios que deveriam reger a premiação, comparando-a à distopia de Orwell em “1984”, em que a verdade é confundida com mentira e a paz é transformada em guerra.
O presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, também se manifestou contra a escolha, considerando que “a politização, o preconceito e o descrédito do Comitê Norueguês do Nobel da Paz atingiram limites inimagináveis”. Para ele, a decisão de premiar alguém que promove a intervenção militar em sua pátria é “vergonhosa” e uma estratégia política para enfraquecer a liderança bolivariana na Venezuela.
O ex-presidente hondurenho, Manuel Zelaya Rosales, declarou que a premiação é uma afronta aos povos que lutam por sua soberania. Ele ressaltou que premiar uma figura próxima às elites financeiras e interesses estrangeiros é transformar um símbolo de paz em um instrumento de colonialismo moderno. “Nunca há paz quando aqueles que promovem sanções e guerras econômicas contra seu próprio povo são recompensados”, acrescentou.
A Perspectiva da Paz
Adolfo Pérez Esquivel, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1980, também criticou a decisão, afirmando que María Corina Machado é parte da política dos Estados Unidos contra o governo venezuelano. “Estou preocupada que o Comitê Nobel tenha tomado essa decisão”, disse ela, aludindo ao que considera uma falta de compromisso com os princípios de paz e justiça.
Michelle Ellner, coordenadora da campanha latino-americana da organização Codepink, enfatizou que a escolha de Machado não reflete um símbolo de paz ou progresso. Ao comentar a premiação, Ellner disse: “Quando vi a manchete ‘María Corina Machado ganha o Prêmio da Paz’, quase ri do absurdo. Mas não há nada de engraçado em conceder o prêmio a alguém cujas políticas causaram tanto sofrimento”.
Justificativa do Comitê Nobel
Ao anunciar a laureada, o Comitê Norueguês destacou que o prêmio foi concedido “por seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos para o povo da Venezuela”, assim como por sua luta por uma transição justa e pacífica de uma ditadura para a democracia. Jørgen Watne Frydnes, presidente do Comitê, descreveu Machado como un exemplo extraordinário de coragem civil na América Latina.
A concessão do Prêmio Nobel da Paz a María Corina Machado, como se pode perceber pelas reações, é uma questão que suscita polarização e intensa debate nas esferas política e social.
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Especialistas questionam escolha de prêmio Nobel da Paz
Fonte: Agencia Brasil.
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