Licença da Petrobras para Pesquisa na Margem Equatorial não Afeta Credibilidade da COP30, Afirma Ana Toni
A diretora-executiva da COP30, Ana Toni, se manifestou nesta sexta-feira (24), durante um Encontro com a Imprensa Internacional promovido pela Associação da Imprensa Estrangeira (AIE), sobre a licença concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) à Petrobras. A licença autoriza a companhia a iniciar operações de pesquisa exploratória na Margem Equatorial, na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, uma área considerada promissora para novas reservas de petróleo.
De acordo com Ana Toni, essa autorização não compromete a credibilidade da presidência do Brasil na COP30, programada para ocorrer em novembro em Belém. “Não acho que afeta diretamente a credibilidade ou a legitimidade da presidência da COP. Essas contradições que estamos vivendo no Brasil, todos os outros países também estão enfrentando”, afirmou.
A diretora-executiva destacou que a licença pode propiciar um debate mais amplo sobre o uso de combustíveis fósseis, como o petróleo. “O Brasil enfrenta problemas de desmatamento, que é a nossa maior fonte de emissão, e com isso passamos a ter um debate mais maduro sobre nossa matriz energética”, analisou.
Licenciamento e Críticas
A licença da Petrobras foi alvo de críticas de diversas organizações, incluindo grupos ambientais, indígenas e quilombolas, que levantaram preocupações sobre falhas técnicas no processo de licenciamento e os potenciais riscos ambientais associados à exploração. Em contraste, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a medida, afirmando que os recursos obtidos com o petróleo serão essenciais para a transição energética do país. “O dinheiro do petróleo ajudará a Petrobras a se transformar de uma empresa de petróleo em uma empresa de energia”, comentou.
Questionada sobre a necessidade de o Brasil se justificar perante a comunidade internacional por incentivar a exploração de recursos fósseis, Ana Toni respondeu que não acredita que seja necessário. “É uma decisão soberana do governo brasileiro. O Brasil está bem posicionado em termos de coerência sobre a mudança do clima”, assegurou.
Compromissos e Desafios
A diretora-executiva lembrou que o Brasil tem cumprido suas obrigações estabelecidas no Acordo de Paris, um tratado internacional que visa limitar o aquecimento global. “O Brasil vem enfrentando desafios como o desmatamento e está disposto a discutir a transição energética de forma transparente”, completou.
Sobre a COP30, Ana Toni informou que até o momento, 163 delegações estão credenciadas, com 132 já com acomodações garantidas. Ela também mencionou os impactos do contexto geopolítico internacional nas negociações climáticas, como guerras militares e comerciais, que podem influenciar o andamento da conferência.
Por fim, a diretora-executiva indicou que o presidente Lula poderá reforçar o convite para que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, participe da COP, caso os dois se encontrem na cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e no encontro de líderes do Leste Asiático (EAS), na Malásia.
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Licença na Margem Equatorial deve impulsionar debates, diz Ana Toni
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente