Centenas de Lideranças Extrativistas Marcham em Belém em Defesa dos Direitos Territoriais
Belém, PA – Entoando o lema “A morte da floresta é o fim da nossa vida”, centenas de lideranças extrativistas de diversos biomas brasileiros se reuniram na tarde desta quinta-feira (13) para marchar pelas ruas de Belém, em um evento que destaca a importância dos direitos territoriais e do papel das reservas de uso sustentável para o equilíbrio ecológico e a luta contra as mudanças climáticas.
O evento, denominado Porongaço dos Povos da Floresta, contou principalmente com a participação de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos, pescadores artesanais, quebradeiras de coco e outros representantes de comunidades tradicionais. Os manifestantes iluminaram as ruas de Belém ao levarem porongas, lamparinas históricas usadas por seringueiros, um símbolo de resistência e luta, especialmente associado ao Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), fundado em 1985 sob a liderança do icônico Chico Mendes.
Contexto e Motivações
A marcha ocorreu paralelamente às negociações da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que está sendo realizada na capital paraense ao longo desta semana. Este ato de mobilização é uma forma de garantir que os direitos e contribuições das comunidades extrativistas sejam reconhecidos nas discussões sobre mudança climática.
Letícia de Moraes, vice-presidente do CNS, destacou a importância do território para as populações extrativistas: “Nós compreendemos o território como extensão dos nossos corpos. Se a floresta não está bem, nós não estamos bem”. Ela ressaltou que os únicos territórios que mantêm floresta viva são aqueles sob a responsabilidade das comunidades tradicionais, que cuidam das suas terras de forma sustentável.
De acordo com dados do CNS, as reservas e projetos de assentamento agroextrativistas no Brasil protegem mais de 42 milhões de hectares de florestas e rios, representando cerca de 5% do território nacional. Essas áreas são fundamentais, armazenando aproximadamente 25,5 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, correspondendo a cerca de 11 anos das emissões totais do Brasil, e desempenhando um papel crucial na mitigação das mudanças climáticas.
Demandas e Compromissos
Durante a marcha, um documento do CNS foi entregue à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, elencando diversas demandas. Um dos focos principais é a exigência de que as reservas extrativistas e outras áreas tradicionais sejam formalmente reconhecidas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira e em tratados climáticos tanto nacionais quanto internacionais.
O documento reivindica também que esses territórios recebam prioridade em políticas de adaptação e mitigação, além de investimentos consistentes e permanentes destinados à proteção territorial e ao fortalecimento da gestão comunitária, vigilância territorial e práticas sustentáveis.
Durante a entrega do documento, Marina Silva recordou sua trajetória ao lado de Chico Mendes, enfatizando o papel vital das comunidades extrativistas na preservação da floresta e na mitigação das mudanças climáticas. Ela afirmou que “a tecnologia dos indígenas e dos extrativistas é seu modo de vida que protege a floresta e a biodiversidade”.
Representação na COP30
Na COP30, as comunidades extrativistas estão sendo representadas por Joaquim Belo, um líder que busca garantir que os serviços ecossistêmicos prestados por essas populações sejam incluídos nas metas de mitigação das mudanças climáticas. Ele destacou: “Nós somos solução para diversos problemas das mudanças climáticas, porque nós cuidamos da floresta, que desempenha um papel importante no equilíbrio climático”.
Ao final da marcha, que teve início na Praça Eneida de Moraes e terminou na Aldeia Cabana, em Pedreira, as vozes das comunidades extrativistas ecoaram em defesa da floresta e da vida.
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Letícia de Moraes, vice-presidente do CNS, participa da marcha “Porangaço dos Povos da Floresta”. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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Lideranças extrativistas e apoiadores usando porangas na marcha “Porangaço dos Povos da Floresta”. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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Marcha “Porangaço dos Povos da Floresta”. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Este texto foi adaptado para oferecer uma visão clara sobre os eventos em Belém, enfatizando a importância das comunidades extrativistas no enfrentamento das mudanças climáticas e suas reivindicações em relação aos direitos territoriais.
Extrativistas marcham na COP por reconhecimento na proteção florestal
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente