Eleitores do Equador Rejeitam Propostas de Daniel Noboa em Referendo
Os eleitores do Equador decidiram, no último domingo (16), rejeitar todas as quatro questões apresentadas pelo presidente Daniel Noboa em um referendo. Com mais de 91% das urnas apuradas, 60,65% dos votantes se opuseram à proposta de instalação de bases militares estrangeiras no país, enquanto 39,35% se mostraram favoráveis.
Dentre as propostas, destacaram-se a autorização para a instalação de bases militares estrangeiras—avençada pelo presidente com o argumento de combate ao narcotráfico—e a solicitação de uma Assembleia Constituinte para reescrever a Constituição equatoriana, que já proíbe tais bases desde sua promulgação em 2008. Na ocasião, a presença de militares dos Estados Unidos na cidade de Manta foi encerrada.
Além dessas, outras duas questões rejeitadas pediam o fim dos subvenções para partidos políticos e a redução do número de parlamentares da Assembleia Legislativa de 151 para 73.
Em resposta aos resultados, Noboa afirmou que respeitará a decisão da população e que seu compromisso com o Equador é inalterado. “Nosso compromisso não muda, se fortalece. Continuaremos lutando incansavelmente pelo país que vocês merecem”, declarou por meio de uma rede social.
Críticas da Oposição
A presidente do Partido Revolução Cidadã, Luisa González, parabenizou a população pelo resultado, argumentando que os equatorianos disseram não às manobras de Noboa e à influência dos EUA. Para a oposição, as propostas violariam a soberania nacional e poderiam facilitar uma maior interferência de Washington nos assuntos internos do país.
A Questão da Assembleia Constituinte
Os cidadãos equatorianos também rejeitaram a convocação de uma nova assembleia constituinte com 61,65% dos votos contra 38,35%. Noboa defendeu a necessidade de uma nova constituição alegando que a atual protege criminosos. A oposição, por sua vez, contestou essas ideias, acusando o presidente de usar a insegurança como justificativa para eliminar direitos sociais.
A atual Constituição foi elaborada sob a liderança do Partido Revolução Cidadã, comandado por Rafael Correia, em um período caracterizado por uma onda de governos progressistas na América Latina.
Contexto de Crise no País
O cenário no Equador é marcado por uma grave crise de segurança pública, com um aumento alarmante de 588% nos homicídios entre 2019 e 2024, tornando o país um dos mais violentos da região. Desde 2021, o Equador tem enfrentado uma série de rebeliões, motins e conflitos entre facções do crime organizado.
Após assumir o governo, Noboa declarou o país em conflito armado e classificou os grupos criminosos como terroristas, intensificando a atuação das forças armadas na segurança pública. Este aumento da repressão gerou críticas, incluindo denúncias de torturas e prisões arbitrárias, conforme relatado por organizações de direitos humanos.
Recentemente reeleito para um novo mandato, Noboa é alvo de acusações de fraude eleitoral, com promessas de endurecer a luta contra o crime, em uma estratégia comparada à do presidente de El Salvador, Nayib Bukele.
Créditos das Imagens: Agência Brasil.
Em referendo, Equador rejeita instalar bases militares estrangeiras
Fonte: Agencia Brasil.
Internacional