Pesquisa da UFF Revela Presença de Mercúrio em Peixes da Baía de Guanabara
Uma recente pesquisa realizada pela Universidade Federal Fluminense (UFF) identificou a contaminação por mercúrio em peixes da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e avaliou os riscos associados à saúde de pescadores e moradores que dependem do pescado como principal fonte de proteína.
O estudo, conduzido por Bruno Soares Toledo sob orientação de Eliane Teixeira Mársico, ambos do Programa de Pós-Graduação em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (PPGHIGVET-UFF), analisou amostras de oito espécies de peixes e os fios de cabelo de integrantes de colônias de pescadores em Magé, Itaboraí e na Ilha do Governador.
Concentrações de Mercúrio
Os pesquisadores encontraram mercúrio em concentrações que, embora estejam dentro dos limites estabelecidos pela legislação brasileira — 1 mg/kg para peixes predadores e 0,5 mg/kg para espécies não predadoras —, indicam a necessidade de cautela. Em particular, o robalo apresentou a maior concentração, de 0,2218 mg/kg, enquanto a sardinha mostrou valores muito baixos, aproximadamente 0,0003 mg/kg.
O pesquisador Bruno Toledo enfatiza a importância de variar as espécies consumidas, sugerindo que “haja um rodízio entre as espécies. Desta forma, a possível exposição ao mercúrio será amenizada”.
Exposição Humana e Saúde Pública
Na segunda fase do estudo, os pesquisadores coletaram amostras de cabelo humano, um método reconhecido internacionalmente para detectar exposição crônica ao mercúrio. Os resultados encontraram variações que foram de 0,12 mg/kg a 3,5 mg/kg entre os participantes, com alguns casos ultrapassando os limites recomendados pela Organização das Nações Unidas (ONU) de 1 a 2 mg/kg.
Eliane Mársico comentou que esses resultados refletem uma “maior exposição, possivelmente relacionada ao consumo frequente de peixe”.
Contexto Local
A Baía de Guanabara é vital para a subsistência de cerca de 4 mil pescadores vinculados à Associação de Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Rede AHOMAR) e para aproximadamente 8 milhões de habitantes na região. No entanto, a intensificação das atividades industriais, o tráfego marítimo e o lançamento de resíduos no ambiente aquático têm contribuído para a contaminação.
Além dos impactos diretos sobre a saúde, a organização ambiental aponta que a inalação ou ingestão de mercúrio pode levar a consequências neurológicas graves, como tremores, insônia, perda de memória e fraqueza muscular.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que grupos vulneráveis, como fetos e pescadores, estão em risco elevado.
Difusão dos Resultados
A equipe da UFF planeja compartilhar os achados da pesquisa com as comunidades afetadas, através de informações claras e acessíveis. A intenção é que essa difusão contribua para a saúde coletiva e que os pescadores possam se prevenir de possíveis riscos associados à contaminação.
“Os pescadores querem saber e é necessário que tenham essa informação para que possam se prevenir”, afirma Eliane Mársico. A informação será exibida em banners nas associações de pescadores, visando garantir uma alimentação segura para as comunidades locais.
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“15/12/2025 – Rio de Janeiro – Pesquisadores encontram mercúrio em peixes da Baía de Guanabara. O trabalho é de Bruno Soares Toledo, sob orientação de Eliane Teixeira Mársico, ambos do Programa de Pós-Graduação em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (PPGHIGVET-UFF). Foto: Divulgação UFF”
Pesquisadores encontram mercúrio em peixes da Baía de Guanabara
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente