Anchieta celebra a importância de sua fundação, ocorrida em 1579, com a instalação da Missão de Nossa Senhora da Assunção. Criada por São José de Anchieta, a missão se estabeleceu no que hoje é conhecido como Anchieta, em um território antes chamado Rerigtibá, que em tupi significa “lugar de muitas ostras”. Esta data marca uma rica interseção cultural, onde fé, arte, educação e respeito às tradições indígenas se uniram e formaram um dos núcleos mais significativos do período colonial brasileiro.
Além de celebrar os 446 anos de história em 2025, o município também se prepara para commemorá-los juntos ao 435 anos do Auto da Assunção, uma encenação proposta por Anchieta, e 470 anos da “Arte de Gramática da Língua Mais Usada na Costa do Brasil”, uma obra essencial para o diálogo intercultural e a preservação da língua tupi. São marcos interligados que evidenciam a evolução da comunicação e do entendimento entre diferentes culturas.
José de Anchieta chegou à aldeia em 12 de agosto de 1579, onde estabeleceu um diálogo respeitoso com o morubixaba local. Esse consentimento foi fundamental e simboliza o reconhecimento mútuo das tradições. A construção da Igreja, chamada Tupãoca ou “Casa de Tupã”, combinou técnicas indígenas e jesuíticas, usando pedra, cal de ostra e pigmentos naturais, refletindo essa integração cultural.
O trabalho missionário, que começou anos antes com visitas a aldeias, tornou-se uma estrutura permanente voltada para a catequese e a valorização da cultura local. Um dos marcos desse esforço foi o Auto da Assunção, escrito por Anchieta em tupi e protagonizado por indígenas cristianizados. Essa peça exemplificou como a música, o teatro e elementos marianos foram integrados à tradição local, tornando-se um exemplo único de inculturação religiosa.
A missão de Rerigtibá era parte de uma rede estratégica de aldeias no Espírito Santo, essenciais para a expansão cultural e espiritual durante o período colonial. O envolvimento dos jesuítas no aprendizado da língua indígena foi determinante para o sucesso desse diálogo intercultural, destacando a importância da “Arte de Gramática” de Anchieta, publicada em 1595, que continua a ser um dos legados mais significativos na história educacional do Brasil.
Com a crescente relevância da cultura local, a cidade de Anchieta foi nomeada em homenagem ao fundador e aos povos originários que acolheram e integraram seus saberes. José de Anchieta, que faleceu em Rerigtibá em 9 de junho de 1597, é lembrado como o “Apóstolo do Brasil”, simbolizando a união entre fé e cultura.
(Foto: Autor desconhecido)