Argentina Realiza Terceira Greve Geral contra o Ajuste Fiscal do Governo Milei
Convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a principal central sindical da Argentina, a nação sul-americana está em greve geral nesta quinta-feira (10). Esta é a terceira mobilização do tipo em resposta às medidas de ajuste fiscal implementadas pelo governo de Javier Milei.
A paralisação, que promete durar 24 horas, recebeu ampla adesão de diversos setores, incluindo sindicatos de ferroviários, metroviários, taxistas, portuários e aeronautas, além de trabalhadores da educação, saúde, bancários e da administração pública. A greve também conta com o apoio de aposentados, que se somam ao movimento contra as políticas do governo.
As consequências já são visíveis nas ruas de Buenos Aires. A interrupção das atividades levou ao cancelamento de voos, bem como à paralisação dos metrôs e trens que percorrem a capital, embora os ônibus continuem a circular. Um protesto prévio, envolvendo trabalhadores e aposentados, ocorreu na quarta-feira (9), em um claro sinal de descontentamento com as políticas atuais.
A CGT critica o governo, afirmando que "o custo do ajuste recaiu sobre os trabalhadores ativos e aposentados, enquanto o setor financeiro multiplicou obscenamente seus lucros." Em comunicado, a central sindical afirmou que o conceito de equilíbrio fiscal está sendo alcançado através do desmantelamento do Estado e do abandono das obras públicas, resultando em um “desequilíbrio social” ainda maior.
O texto ainda denuncia a "insensibilidade" do governo frente às demandas dos trabalhadores e aposentados, reprovando privatizações e a diminuição dos orçamentos para saúde e educação. Além disso, a CGT demanda negociações mais justas para acordos de reajustes salariais e aumento das aposentadorias.
Em resposta à greve, o presidente Javier Milei usou suas redes sociais para compartilhar críticas de aliados, incluindo uma postagem do deputado federal Damián Arabia, que expressou: "Feliz quinta-feira a todos, exceto aos caras que organizaram a terceira greve geral em um ano."
Ajuste Fiscal e Economia
O governo de Milei defende que os cortes de gastos são essenciais para a recuperação econômica e a redução da inflação, que apresentou uma queda significativa nos últimos meses. Segundo dados oficiais, a inflação anual diminuiu de 289% em março de 2024 para 66% em fevereiro de 2025. No entanto, críticos do governo apontam que o ônus desse ajuste tem recaído sobre os trabalhadores e a população mais vulnerável.
Os índices de pobreza também são preocupantes: após uma taxa alarmante de 54% da população no primeiro semestre de 2024, o percentual caiu para 38% no segundo semestre, um valor próximo ao que se registrava antes da ascensão de Milei ao poder, conforme informações do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Além disso, Buenos Aires está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um novo acordo que poderá resultar em um saque de US$ 20 bilhões para fortalecer as reservas do Banco Central. Este será o terceiro empréstimo desde 2018, durante a presidência de Maurício Macri, e representa o 23º da história argentina.
[Imagem: Agência Brasil]
Argentina faz terceira greve geral contra ajuste fiscal de Milei
Fonte: Agencia Brasil.
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