Avanços e Desafios na 62ª Sessão da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
A 62ª sessão dos Órgãos Subsidiários da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (SB 62) chegou ao fim na noite de quinta-feira (26), após intensas negociações em Bonn, na Alemanha. A delegação brasileira voltou com um balanço positivo, apontando avanços significativos, mas também reconheceu um ambiente de negociação difícil que pode impactar as discussões na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), programada para acontecer em Belém, no Pará, em novembro.
Durante a conferência, a diretora executiva designada para a COP, Ana Toni, e a embaixadora Liliam Chagas, negociadora-chefe do Brasil, destacaram progressos nas áreas de transição justa e nos diálogos do Balanço Global (Global Stocktake – GST), especialmente em relação à Agenda de Ação da COP30. "A proposta foi bem recebida por governos, empresas, sociedade civil e povos indígenas. A ideia de acelerar ressoou. Todos querem avançar", afirmou Ana Toni.
Entretanto, a rede Latin American Climate Lawyers Initiative for Mobilizing Action (Laclima) expressou preocupações, ressaltando que uma nota informal apresentada durante o encontro indicou uma falta de consenso entre os países. "No fim da conferência, duas versões de texto foram apresentadas pelos facilitadores, refletindo posições conflitantes quanto ao escopo temático e à duração do processo", mencionou a Laclima.
Apesar das dificuldades, a delegação brasileira apresentou um balanço positivo: 49 itens da agenda avançaram, enquanto apenas dois permaneceram inalterados. Ana Toni frisou que, mesmo em um clima político global adverso, "o regime climático funcionou em Bonn".
Adaptação às Mudanças Climáticas
Um dos temas que avançou foi a Meta Global de Adaptação (GGA), na definição de 100 indicadores para monitorar a implementação das ações de adaptação. Representantes de organizações sociais, no entanto, avaliaram esse avanço como pequeno e lento. A especialista do WWF-Brasil, Flávia Martinelli, ressaltou a urgência de se abordar questões de infraestrutura e desastres climáticos que impactam especialmente as populações vulneráveis. "Esses indicadores são fundamentais para monitorar o avanço da implementação de ações de adaptação nos diferentes países", comentou.
Transição Justa
Outra prioridade da delegação brasileira foi o Programa de Trabalho sobre Transição Justa, que gerou discussões em sete eixos temáticos. No entanto, três desses eixos apresentaram divergências significativas, principalmente em relação à transição energética e a criação de um órgão institucional para apoiar a implementação da transição justa. Os representantes do Laclima afirmaram que divergências como a exclusão de referências aos combustíveis fósseis impediram a elaboração de um documento final.
Financiamento Climático
Embora não tenha sido uma prioridade em Bonn, o financiamento climático esteve presente nas discussões paralelas, resultando em avanços significativos. Uma proposta chamada Roadmap de Baku a Belém foi apresentada, visando criar condições para viabilizar US$ 1,3 trilhão em fluxos financeiros globais. Esse documento consulta as partes sobre caminhos para garantir esses fluxos, que incluem reformas técnicas de instituições financeiras e expansão de ferramentas de financiamento.
Ana Toni finalizou destacando que a continuidade das negociações iniciadas em Bonn será crucial para melhores resultados na COP30. "Não é parte formal da negociação, mas será um tema chave na COP30", concluiu.
As discussões realizadas em Bonn lançam as bases para os desafios e oportunidades que aguardarão os participantes em Belém, onde a luta contra as mudanças climáticas continua a ser uma prioridade global.
Conferência de Bonn, na Alemanha, termina com avanços para COP30
Fonte: Agencia Brasil.
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