Brasil Refuta Acusações dos EUA sobre o Pix e Práticas Comerciais
Brasília, 18 de setembro de 2023 – O governo brasileiro enviou uma extensa resposta ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), defendendo a integridade do sistema financeiro nacional e rebatendo alegações de práticas comerciais desleais. O documento, assinado pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, contém 91 páginas e foi divulgado na página oficial da USTR.
A defesa do Brasil se concentra na neutralidade do sistema de pagamento instantâneo conhecido como Pix, afirmando que sua administração pelo Banco Central (BC) é um exemplo de boas práticas comerciais. “Outros Bancos Centrais, como o Federal Reserve dos EUA, também testam ferramentas similares”, destaca o documento.
A investigação, solicitada pelo governo de Donald Trump em julho, visa analisar ações do Brasil que poderiam prejudicar empresas estadunidenses em setores cruciais, incluindo sistemas de pagamento digital, etanol, propriedade intelectual e desmatamento.
Legitimidade das Ações Americanas em Debate
O Brasil contesta a legitimidade das ações do USTR, afirmando que não existem bases jurídicas ou factuais que sustentem as alegações. De acordo com o governo brasileiro, as medidas unilaterais previstas na Seção 301 da Lei de Comércio de 1974 dos EUA podem afetar negativamente o comércio multilateral e as relações bilaterais. O Brasil não reconhece a validade de tais instrumentos e tem como objetivo esclarecer os fatos sem aceitar a jurisdição da investigação.
No documento, o governo ressalta que a relação comercial entre Brasil e EUA é mutuamente benéfica, com um superávit histórico para a economia estadunidense. “As políticas econômicas e regulatórias do Brasil estão alinhadas às normas internacionais estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC)”, afirmam as autoridades.
Respostas a Acusações de Pirataria e Propriedade Intelectual
Em relação às alegações de pirataria e violação de propriedade intelectual, o Brasil garante que possui um regime legal robusto para a proteção desses direitos. O governo afirmou estar em conformidade com os padrões internacionais e as diretrizes da OMC.
Questões sobre Redes Sociais e Desmatamento
O governo brasileiro também abordou questões relacionadas ao bloqueio de redes sociais americanas decididas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A resposta enfatizou que tais decisões não constituem medidas discriminatórias e que as normas do Estado de Direito brasileiro são equivalentes às dos EUA.
No que diz respeito ao desmatamento, o Brasil afirmou que suas políticas ambientais são consistentes com seus compromissos multilaterais, visando preservar o meio ambiente sem impactar a competitividade das empresas americanas.
O Futuro da Investigação
O USTR agora analisará a resposta do Brasil e promoverá uma audiência pública em 3 de setembro, onde representantes de empresas e entidades poderão apresentar seus argumentos. O desfecho dessa disputa permanece incerto e dependerá da decisão do governo de Donald Trump.
Essa controvérsia ilustra o delicado equilíbrio nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, envolvendo questões complexas que vão desde sistemas de pagamento até políticas ambientais e direitos de propriedade intelectual.
Pix não discrimina empresas estrangeiras, responde Brasil aos EUA
Fonte: Agencia Brasil.
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