Brics Discute Ampliação de Comércio e Respostas ao Unilateralismo em Cúpula Virtual
Na segunda-feira (8), os líderes dos países que integram o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, realizaram uma cúpula virtual para discutir o fortalecimento dos mecanismos de comércio entre as nações emergentes do grupo. O encontro foi coordenado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu estratégias voltadas para o multilateralismo em um cenário de crescente protecionismo, especialmente por parte dos Estados Unidos.
Em sua fala, Lula destacou que “o comércio e a integração financeira entre nossos países oferecem opção segura para mitigar os efeitos do protecionismo”. Ele enfatizou a legitimidade do Brics em liderar a reestruturação do sistema multilateral de comércio, adaptando-o às necessidades de desenvolvimento dos países do Sul Global.
Lula também mencionou o Novo Banco de Desenvolvimento, ressaltando seu papel na diversificação econômica e nas complementaridades entre os membros do bloco. Ele destacou que, juntos, os países do Brics representam 40% do PIB global e cerca de 50% da população mundial. “Temos condições de promover uma industrialização verde, que gere emprego e renda, especialmente nos setores de alta tecnologia”, afirmou.
A cúpula virtual aconteceu em um contexto global marcado por tensões comerciais, com o governo dos Estados Unidos elevando tarifas sobre parceiros comerciais, o que, segundo especialistas, é uma estratégia para recuperar a competitividade da economia americana frente à China. Lula criticou as práticas unilaterais, afirmando que “a chantagem tarifária está sendo normalizada”, o que compromete o livre comércio e a soberania dos países emergentes.
“Dividir para conquistar é a estratégia do unilateralismo”, mencionou o presidente brasileiro, que chamou a atenção para a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e as ameaças posedidas pelas sanções extraterritoriais. Ele também ressaltou a necessidade de os países do Brics se prepararem para a 14ª Conferência Ministerial da OMC, marcada para o próximo ano em Camarões.
A reunião privada contou também com a presença de líderes da China, Egito, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul e representantes dos Emirados Árabes Unidos e da Etiópia, com a discussão se estendendo a desafios como a crise de governança e o papel da cooperação nas relações internacionais.
Além do comércio, Lula abordou questões relacionadas a conflitos regionais, questionando a ingerência externa em assuntos internos e reiterando a necessidade de um ambiente pacífico na América Latina e no Caribe. Ele também convidou os líderes a participarem da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém em 2025, onde propôs a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU.
A cúpula reflete a importância crescente do Brics na geopolítica global e sua busca por alternativas ao modelo de governança internacional atual, fortemente influenciado pelas potências ocidentais. A discussão também antecede a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, marcada para o final deste mês, onde os temas do multilateralismo e da governança digital estarão em pauta.
Líderes do Brics defendem ampliação de mecanismos de comércio no bloco
Fonte: Agencia Brasil.
Economia