9ª Cúpula da Celac em Honduras: Críticas a Sanções dos EUA e Propostas de Integração
A 9ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), realizada em Tegucigalpa, Honduras, nesta semana, culminou na publicação de uma declaração final que expressa críticas contundentes às sanções econômicas e à guerra comercial iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O evento, que reuniu 30 dos 33 países que compõem a Celac, fez uso da justificativa de “consenso suficiente” para aprovar o documento, que, no entanto, não contou com as assinaturas do Paraguai, da Argentina e da Nicarágua.
A declaração destaca a necessidade de um representante da América Latina ou do Caribe na função de secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), além de reafirmar o apoio ao Haiti, que enfrenta uma grave crise humanitária e de segurança, com gangues controlando mais de 80% de Porto Príncipe.
Rejeição de Assinaturas e Posição de Países Membros
A ausência das assinaturas do Paraguai, Argentina e Nicarágua levantou questionamentos entre especialistas. De acordo com o professor Roberto Goulart Menezes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, a recusa da Argentina, sob a presidência de Javier Milei, reflete uma política externa fortemente alinhada aos Estados Unidos. “A Argentina está contrariando todos os organismos regionais, uma vez que sua política externa está alinhada de forma incondicional aos Estados Unidos”, afirmou Menezes.
Em contrapartida, o Paraguai optou por contestar termos da declaração, como o uso de gênero, sinalizando uma possível insatisfação em relação ao Brasil, especialmente após revelações de que o governo brasileiro teria espionado autoridades paraguaias durante a administração de Jair Bolsonaro. O governo Lula, por sua vez, comunicou que tal prática foi interrompida no início do novo mandato.
Declaração Final e compromissos
O documento assinado por 30 países reafirma o compromisso com o fortalecimento da Celac como um mecanismo fundamental para a coordenação política na região. Além de estabelecer a América Latina e o Caribe como uma “zona de paz”, a declaração rejeita a imposição de medidas coercitivas unilaterais contrárias ao direito internacional, bem como aquelas que possam restringir o comércio internacional. As sanções econômicas aplicadas principalmente pelos Estados Unidos contra países como Venezuela, Cuba e Nicarágua foram indiretamente mencionadas, assim como a guerra de tarifas iniciada durante o governo Trump.
O professor Goulart Menezes observa que a posição da Nicarágua na Cúpula, embora ainda participando da Celac, reflete um isolamento crescente no cenário internacional. “Não tem encontrado apoio político de quase nenhum dos países da Celac, em especial do Brasil”, alertou.
Em uma crítica à tentativa de países de evitar a declaração final, o presidente Lula enfatizou a importância da coletividade na realização de decisões em fóruns multilaterais. “Você não pode ter 40 países e um só decidir que não gosta de alguma coisa e não assinar um documento”, comentou.
Palavras Finais de Reconhecimento
O evento também serviu para valorizar o papel da Honduras na presidência Pro Tempore da Celac e enfatizou a importância de continuar o diálogo político com outros países e grupos regionais. A Cúpula será seguida pela presidência da Colômbia, que conduzirá o mecanismo durante 2025-2026, destacando prioridades como transição energética, segurança alimentar e igualdade de gênero.
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Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva participa da sessão de abertura da 9ª Reunião de Cúpula de Chefes de Estado da Celac. Foto: Ricardo Stuckert/PR.
Declaração de Tegucigalpa
Em documento publicado, a declaração completa poderá ser consultada no site oficial da Celac e está disponível para leitura detalhada, destacando compromissos firmados pelos estados membros na Cúpula.
Sem consenso, declaração da Celac critica sanções e guerra comercial
Fonte: Agencia Brasil.
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