Estudantes do Horto Florestal Reagem à Implantação do Modelo Cívico-Militar
Belo Horizonte – No bairro Horto Florestal, alunos da Escola Estadual Presidente Dutra se mobilizam contra a adesão da instituição ao modelo cívico-militar. Em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais, estudantes de diferentes idades expressam suas inquietações sobre a formação oferecida pelo novo sistema, destacando a possibilidade de abuso de autoridade por parte de figuras de poder.
No vídeo, os estudantes se alinham em uma quadra poliesportiva e cantam “Marcha Soldado, Cabeça de Papel”, enquanto exibem cartazes questionando se são considerados estudantes ou criminosos pelo governo do estado. Um dos cartazes provoca: “Quem educa são professores ou generais?”, enquanto outros defendem que “não se faz pedagogia com medo” e clamam pela “autonomia de ensino” e uma “educação libertadora”.
A Escola Estadual Presidente Dutra tem se comprometido em discutir temas relevantes como letramento racial, respeito à comunidade LGBTQIA+, saúde mental e artes, demonstrando preocupação com aspectos que favorecem a conexão entre seus membros.
A proposta do governo de Minas Gerais de implementar o modelo cívico-militar em 728 instituições de ensino ganhou destaque recentemente. Após consultar a comunidade escolar, composta por alunos, pais e funcionários, o governador Romeu Zema suspendeu as assembleias em 14 de agosto, justificando a baixa participação dos pais devido ao período de férias. A consulta havia iniciado em 30 de junho e deveria ser concluída em 18 de agosto.
O plano do governador inclui a presença do Corpo de Bombeiros Militar e da Polícia Militar nas escolas, com o discurso de que isso traria uma gestão colaborativa e um ambiente mais seguro e acolhedor. A Secretaria de Educação argumenta que a presença militar pode, de fato, promover uma cultura de paz e contribuir para o desenvolvimento da formação comportamental, moral e democrática dos alunos.
Dados divulgados pela Secretaria indicam que escolas que já aderiram ao modelo apresentaram uma redução significativa na taxa de abandono escolar, que caiu de 4,92% em 2022 para 2,96% em 2023. Entretanto, essa informação é contestada por especialistas em educação, incluindo representantes do Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG), que criticam a militarização das escolas e ressaltam que esta abordagem não aborda as complexidades sociais, como a falta de políticas de emprego e estrutura familiar.
O FepegMG denunciou a adesão ao modelo como realizada sob pressão e falta de transparência, apontando deficiências na formação pedagógica dos militares envolvidos. Além disso, o relatório indica que não existem evidências científicas que comprovem melhorias na violência ou no aprendizado dos estudantes. Relatos de agressões de militares a alunos com transtornos mentais também foram mencionados no documento.
Em Minas Gerais, o modelo cívico-militar começou a ser implementado em 2020. Até o momento, nove escolas aderiram a esse sistema. A Secretaria de Educação ainda afirma que a adesão final ao modelo dependerá de uma análise técnica, que será realizada após o término da fase consultiva.
A Agência Brasil consultou a Secretaria de Educação para entender como foi atribuído o sucesso das escolas ao novo modelo, considerando outros possíveis fatores que poderiam ter influenciado as melhorias e aguarda resposta.
Informações Adicionais
- A criação do modelo cívico-militar visa fortalecer as políticas educativas no estado, promovendo um ambiente de segurança e disciplina.
- Os alunos e a comunidade escolar permanecem cientes e ativos em relação às mudanças que impactam sua formação acadêmica e social.
Estudantes se articulam contra o modelo cívico-militar em Minas Gerais
Fonte: Agencia Brasil.
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