Human Rights Watch Acusa EUA de Manipulação em Relatório Anual sobre Direitos Humanos
Uma das mais proeminentes organizações de direitos humanos, a Human Rights Watch (HRW), lançou duras críticas ao governo dos Estados Unidos, acusando-o de manipulação política no relatório anual apresentado na última terça-feira, 12. A entidade alegou que o documento, que aborda a situação dos direitos humanos em vários países, incluindo o Brasil, ignora graves violações em nações aliadas, como El Salvador, Hungria e Israel, enquanto aponta uma deterioração no panorama dos direitos humanos em países como o Brasil e a África do Sul.
Sarah Yager, diretora da HRW em Washington, afirmou que “o novo relatório de direitos humanos do Departamento de Estado é, em muitos aspectos, um exercício de encobrimento e enganação”. Segundo ela, o governo de Donald Trump transformou a publicação em uma ferramenta que minimiza abusos praticados por autocratas, tornando-os mais aceitáveis.
A HRW destacou que a credibilidade do relatório foi comprometida pela exclusão de categorias relevantes, como violações de direitos de mulheres, pessoas LGBTQIA+ e indivíduos com deficiência. “Categorias inteiras de abusos foram apagadas, enquanto graves violações de direitos por governos aliados foram encobertas”, completou Yager.
O relatório, que é obrigatório desde 1974, tem como objetivo orientar as relações dos EUA com países que apresentam um padrão consistente de violações graves de direitos humanos. Contudo, no caso do Brasil, o documento conclui que houve um agravamento na situação, alegando uma “violação à liberdade de expressão” durante investigações do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre grupos na internet que tentam desestabilizar o sistema eleitoral.
Os analistas alertam sobre a narrativa da extrema-direita, tanto nos EUA quanto no Brasil, que distorce a realidade, alegando um clima de censura e perseguição. Pedro Kelson, do Programa de Democracia da Washington Brazil Office (WBO), ressaltou que essa estratégia busca deslegitimar investigações que visam responsabilizar os ataques ao Estado Democrático de Direito no Brasil.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro pressionou líderes militares a suspender o resultado da eleição presidencial de 2022, em que perdeu para Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, surgiram alegações sobre planos para a prisão e assassinato de autoridades, os quais os acusados negam.
Relatório sobre Outros Países
Israel
O relatório também foi criticado por ignorar questões graves em Israel, como o deslocamento forçado de palestinos e a privação de serviços essenciais em Gaza. A HRW destacou que abusos como o uso da fome como arma de guerra foram omitidos.
El Salvador
Embora enfrentando denúncias severas de violação de direitos humanos, o governo dos EUA afirmou que “não houve relatos confiáveis de violações significativas” em El Salvador, onde a administração de Nayib Bukele é vista como amiga de Trump. Organizações de direitos humanos, no entanto, denunciam prisões arbitrárias e abuso das liberdades individuais.
Hungria
A HRW também se referiu à Hungria, destacando como o governo húngaro tem minado instituições democráticas e restringido a liberdade de expressão. O Departamento de Estado, segundo a HRW, ignorou essas violações.
África do Sul
Por fim, a África do Sul foi mencionada no relatório, que afirma uma piora nas condições dos direitos humanos, especialmente com a promulgação de leis que permitem desapropriação de terras sem compensação, controversas entre a população e vistas como um retorno a abusos raciais.
Este contexto destaca um panorama complexo e multifacetado sobre a situação dos direitos humanos em vários países, onde a realidade parece ser moldada por interesses políticos e estratégicos da administração dos EUA.
ONG denuncia manipulação em relatório dos EUA sobre direitos humanos
Fonte: Agencia Brasil.
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