Feira Rio Artes 2025: Artesanato e Criatividade em Pauta no Rio de Janeiro
Em um contexto marcado por preocupações sobre o futuro do trabalho com a ascensão da inteligência artificial (IA), artesãos se reuniram na Feira Rio Artes 2025, realizada no Centro de Convenções Expomag, na região central do Rio de Janeiro, entre 9 e 13 de abril. O evento promoveu a criatividade humana como fonte de renda e um impulso para a economia.
A artesã Andreia Pugliese, que se dedica à fabricação de laços, destacou a resiliência e a inovação do setor artesanal. "Contra a criatividade do ser humano, não tem para ninguém. Sempre estão renovando, inventando, o artesanato é tudo", afirmou, após participar de uma oficina de pintura em couro.
Junto a ela, Cátia Benigno, especialista em biscuit e pintura em tecido, reafirmou a visão de que a IA não representa uma ameaça para os artesãos: "A inteligência artificial veio para somar e não para tomar lugares. É o novo, assusta, mas não vai tirar o lugar da nossa inteligência, da nossa criatividade. Então, não tem que ter medo".
A Feira Rio Artes 2025 contou com expositores de diversas cidades fluminenses e ofereceu espaço para a comercialização e oficinas na área de economia criativa, que engloba atividades como artesanato, design, moda, artes cênicas e decoração.
Economia Criativa em Números
De acordo com um levantamento do Observatório Nacional da Indústria, parte da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a economia criativa representou 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023. Em 2022, esse setor empregava aproximadamente 7,4 milhões de pessoas, com uma projeção de crescimento para 8,4 milhões até 2030. Este panorama sugere que um em cada quatro novos postos de trabalho beneficiará setores relacionados à criatividade, incluindo publicidade e tecnologia da informação.
Roberto Santos, coordenador da Rio Artes, definiu a economia criativa como o conjunto de atividades que transforma insumos em produtos comercializáveis, ressaltando a importância de valorizar o trabalho dos artesãos. "A gente ensina procedimentos para os artesãos de como valorizar, precificar sua arte, de comprar melhor o seu insumo, de como embalar o seu trabalho", explicou.
Sustentabilidade e Inovação
A feira também recebeu a participação da Federação do Artesanato do Rio de Janeiro (Faerj), que abrange 1,5 mil artesãos em todo o estado. Cintia Miller, artesã e representante da federação, evidenciou o potencial do artesanato como uma atividade que promove a preservação ambiental. "Temos pessoas que fazem escultura com aquilo que vai para o lixo. Para a gente, é tudo matéria-prima", afirmou, enquanto mostrava itens feitos de materiais reciclados.
Além disso, um Projeto de Lei (PL 2.732/2022), em tramitação na Câmara dos Deputados, visa instituir a Política Nacional de Desenvolvimento da Economia Criativa, prevendo incentivos para o setor, como parcerias entre empresas e universidades, além do aprimoramento da infraestrutura para os setores criativos.
O evento, com apoio da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, do Serviço Social do Comércio (Sesc), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), se consolidou como um espaço significativo para a valorização e promoção da criatividade e do trabalho manual no Brasil.
Fotos: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Feira de artesãos mira profissionalização e não vê IA como adversária
Fonte: Agencia Brasil.
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