Fluminense e a Polêmica da Sociedade Anônima do Futebol (SAF)
O debate em torno da possível implementação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Fluminense ganha contornos dramáticos. Na última quinta-feira (10), o advogado Leandro Gama, apoiado pelo movimento de sócios “Futuro Flu”, protocolou uma ação civil pública para impedir que o atual presidente do clube, Mário Bittencourt, assuma um cargo remunerado na SAF futura.
A ação foi motivada por preocupações com a falta de transparência no processo de transição da gestão do clube para o novo modelo. De acordo com os opositores, a presença de Bittencourt na nova administração representaria um conflito de interesses, uma vez que seu segundo mandato termina no final deste ano, sem chances de reeleição. Gama argumenta que a transformação do Fluminense em SAF não deve acontecer "às escuras", sem prestação de contas a sócios e torcedores.
Para discutir esses assuntos, o Fluminense convocou uma reunião extraordinária do Conselho Deliberativo para a próxima segunda-feira (14). O presidente do clube tem a responsabilidade de abrir o encontro ao público. Curiosamente, no mesmo dia em que a ação foi protocolada, o clube anunciou que a reunião seria transmitida ao vivo pela FluTV, uma medida para responder antecipadamente às críticas dos opositores.
Além de barrar a presença de Bittencourt, a ação solicita que o processo de criação da SAF seja minuciosamente detalhado e divulgado, estabelecendo prazos e critérios claros. O valor da causa é estimado em R$ 8 milhões, um reflexo da seriedade que os opositores conferem à questão.
Em resposta, a diretoria do Fluminense emitiu uma nota oficial afirmando que a ação se baseia em suposições errôneas e reforçando o compromisso com a transparência. O clube lembrou que a reunião não terá caráter deliberativo, mas sim de esclarecimento.
"Essa ação tem claro caráter político", afirmou a gestão, "e evidencia a intenção de tumultuar o debate e transformar o tema SAF em moeda de troca eleitoral". Eles destacaram que as dúvidas apresentadas pelo grupo opositor serão esclarecidas assim que uma proposta concreta for formulada.
Ainda no cerne dessa polêmica, surge a questão de Mário Bittencourt como possível CEO de uma SAF. O vice-presidente do Fluminense, Mattheus Montenegro, defendeu que a administração nunca estipulou que Bittencourt seguiria no comando, mas reconheceu a qualidade da gestão atual. Em uma gravação que circulou nas redes sociais, Montenegro criticou a oposição, alegando que o debate deve ser feito sem pressões políticas.
Por outro lado, o movimento "Futuro Flu", que questiona as estratégias de gestão do presidente, não é completamente contrário à transformação em SAF, mas exige um processo que não deixe margem para desconfiança. Este grupo formulou uma lista de 21 exigências para pautar a transição, sublinhando que a SAF não é uma solução mágica para os problemas financeiros do clube.
O embate entre a diretoria e oposição promete intensificar as discussões internas no Fluminense, revelando a complexidade das relações entre gestão e associados em tempos de transformação.
Foto: Lucas Merçon/Fluminense FC
Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
SAF do Fluminense: entenda cenário político e processo contra Mário Bittencourt
Em Resumo
“O SAF do Fluminense envolve uma análise do cenário político do clube e do processo contra o presidente Mário Bittencourt. A proposta de Sociedade Anônima do Futebol visa modernizar a gestão e atrair investimentos. No entanto, questões administrativas e a resposta da torcida levantam dúvidas sobre a viabilidade do projeto. O desenrolar da situação política poderá impactar diretamente no futuro do Fluminense.”
Fonte: Lance