Bioeconomia na Amazônia: Um Caminho Sustentável para o Futuro
A bioeconomia, configurada como um modelo de produção que visa a preservação da biodiversidade, surge como uma das principais estratégias de desenvolvimento na transição para uma economia de baixo carbono, essencial no combate às mudanças climáticas. Na Amazônia, essa abordagem sustentável começa a atrair cada vez mais investimentos de governos e do setor privado.
De acordo com o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), as oportunidades de negócio no setor podem alcançar um impressionante total de US$ 7,7 trilhões até 2030, conforme destacado no relatório "Uma Oportunidade de Negócio que Contribui para um Mundo Sustentável".
Belém, capital do Pará e cidade-sede da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), será palco de iniciativas voltadas para a bioeconomia. Um estudo intitulado "Bioeconomia da Sociobiodiversidade", realizado em 2021, prevê um incremento nas cadeias produtivas da floresta de até R$ 170 bilhões até 2040.
Centro de Inovação e Bioeconomia em Belém
Uma das principais obras que visam se preparar para os debates da COP30 é o Centro de Inovação e Bioeconomia de Belém (CIBB). Com um investimento de R$ 20 milhões, o projeto envolve uma força-tarefa entre os governos federal e municipal e a Itaipu Binacional, com o objetivo de revitalizar um casarão tombado para abrigar 20 novas iniciativas.
O CIBB servirá como um espaço de divulgação do modelo econômico, além de funcionar como a base de um ecossistema de apoio aos negócios locais. Um dos casos que exemplifica essa proposta é o da empresária Izete Costa, conhecida como "dona Nena", que fabrica chocolate e derivados do cacau na Ilha do Combu. Nascida na comunidade Igarapé de Piriquitaquara, dona Nena cresceu ajudando os pais a comercializar cacau nativo, mas, com o tempo, observou a diminuição dos cacaueiros na região.
“Antes, trazíamos três ou quatro canoas cheias de cacau. Hoje, meus irmãos não conseguem nem encher uma”, lamenta dona Nena, que busca soluções para a preservação do cacau e sua valorização.
Hoje, sua empresa beneficia 16 famílias que praticam o manejo sustentável da floresta, garantindo acesso à água potável e promovendo melhores condições de infraestrutura local para o turismo.
Desafios e Soluções
Dona Nena ressalta a necessidade de investimentos adicionais em assistência técnica e suporte a produtores locais. Camille Bemerguy, secretária adjunta de Bioeconomia do estado do Pará, explica que o governo estadual lançou o PlanBio Pará, uma estratégia para valorizar o patrimônio genético e fortalecer cadeias produtivas por meio de ciência e inovação.
"O PlanBio é um plano de Estado, que estabelece novas bases para o uso da terra e da floresta", assegura Camille. Apesar de práticas de bioeconomia já serem adotadas há anos pelos povos da floresta, houve a necessidade de adaptar o setor a uma abordagem mais sustentável.
Em andamento, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, situado às margens da Baía do Guajará, é um dos projetos do PlanBio, com um investimento de R$ 300 milhões na reestruturação da antiga região portuária de Belém. O local contará com um Observatório da Bioeconomia, Centro de Cultura Alimentar, Centro de Sociobioeconomia e um Centro de Turismo de Base Local.
Aumento no Número de Iniciativas
Camille destaca que, enquanto anteriormente cerca de 70 startups atuavam no segmento, e a maioria falhava devido à falta de recursos, hoje o número já cresce para aproximadamente 300. A expectativa é que, através do Parque de Bioeconomia e Inovação, mais 200 startups sejam atraídas para o estado.
O fortalecimento do setor de bioeconomia no Pará pode potencialmente gerar uma contribuição de 4,5% ao Produto Interno Bruto (PIB) do estado até 2030, um reflexo das novas diretrizes para a estruturação da economia local.
Com o compromisso de melhorar a infraestrutura e a conectividade, o governo do estado visa transformar o setor de bioeconomia em uma força vital para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
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Dona Nena produz chocolate e outros derivados do cacau de forma artesanal na Ilha do Combu – Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil.
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Obras do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia – Foto: Igor Mota/Agência Pará.
Informações Complementares
O repórter viajou a convite do governo do Pará.
Potencial para bioeconomia atrai investimentos na Amazônia
Fonte: Agencia Brasil.
Economia