Mais de 180 países devem atualizar metas climáticas antes da COP30, diz diretor global da NDC Partnership
O diretor global da NDC Partnership, Pablo Vieira, anunciou que mais de 180 países são esperados para apresentar suas metas climáticas atualizadas antes da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas que acontecerá em Belém, no mês de novembro. Cerca de 80% das nações ainda estão atrasadas na revisão de seus compromissos para a redução de gases de efeito estufa.
Essas metas são conhecidas como Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), um instrumento estabelecido pelo Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C. A NDC Partnership, criada em 2016 durante a COP22, é uma coalizão focada na facilitação da cooperação entre governos, organizações internacionais e stakeholders não estatais para acelerar a resposta às mudanças climáticas.
“Embora atualmente tenhamos talvez 29 NDCs na mesa, a expectativa é que, até a COP30, teremos mais de 180. Os países estão demorando, mas muitos estão buscando garantir que suas metas sejam de qualidade, realistas e viáveis”, afirmou Vieira. Ele também enfatizou que a implementação das NDCs ainda não alcançou a magnitude necessária, especialmente nos países em desenvolvimento, e que a atual situação geopolítica complicará ainda mais este cenário.
Pablo Vieira participou da abertura da Rio Climate Action Week (RCAW) no Museu do Amanhã, evento que, até 29 de agosto, contará com mais de 200 discussões sobre mudanças climáticas, promovidas por setores público e privado, além de organizações da sociedade civil.
O cientista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, esteve presente e alertou sobre a urgência de ações para evitar alterações irreversíveis no bioma amazônico. “A Amazônia está muito perto do ponto de não retorno devido à interação entre desmatamento, degradação, fogo e aquecimento global. Se o desmatamento continuar e a temperatura global ultrapassar 2ºC, não há como salvar a Amazônia”, declarou Nobre, acrescentando que as secas severas nas últimas décadas impactaram seriamente a reciclagem de água na região.
Taily Terena, jovem cientista social e antropóloga do povo Terena em Mato Grosso do Sul, destacou em seu discurso o impacto das secas na rotina de comunidades indígenas. Segundo ela, a escassez de água no Pantanal é alarmante e os incêndios, particulamente provenientes do agronegócio, estão exacerbando a situação. “Em épocas de seca, como agora em agosto, vemos peixes boiando mortos por conta do calor”, relatou Taily, enfatizando a importância de eventos climáticos como a COP30 para engajar a sociedade em ações de proteção ao meio ambiente.
Para ela, a realização da COP30 no Brasil é uma oportunidade crucial para demonstrar o papel do país como um grande negociador e protetor das florestas. Contudo, a efetividade das leis dependerá do engajamento ativo da sociedade civil e das instituições.
Rio de Janeiro (RJ), 25/08/2025 – Taily Terena, do Instituto Memória e Ciência Indígena, debate mudanças climáticas e soluções no Rio Climate Action Week. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Mais de 180 países devem enviar metas até COP30, diz especialista
Fonte: Agencia Brasil.
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