Parlamentares do Brics Criticam Guerra Comercial dos EUA em Fórum em Brasília
Brasília, 3 de junho de 2025 — Durante o 11º Fórum Parlamentar do Brics, realizado em Brasília, parlamentares de países membros do bloco manifestaram preocupações em relação à guerra comercial promovida pelos Estados Unidos. As críticas, embora não mencionassem diretamente o governo do ex-presidente Donald Trump, focaram nas tarifas impostas unilateralmente que têm abalado os mercados globais desde abril do ano passado.
Com a presidência do Brics sob a responsabilidade do Brasil em 2025, o encontro reuniu presidentes das comissões de relações exteriores de 15 países, reforçando o papel do bloco como uma das principais vozes das economias emergentes no cenário internacional.
O senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, destacou a urgência de fortalecer o comércio entre os países do Brics e criticou as medidas protecionistas unilaterais. “Estamos preocupados com o aumento de tais medidas, que são inconsistentes com as regras da OMC [Organização Mundial do Comércio]”, afirmou. Trad sublinhou a importância do multilateralismo como um caminho para enfrentar desafios conjuntos, contrastando com as abordagens bilaterais ou unilaterais defendidas por alguns países.
Além de traçar críticas à política comercial dos EUA, o vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da China, deputado Wang Ke, alertou sobre um ressurgimento da mentalidade da Guerra Fria, onde “alguns países” tentam impor suas vontades por meio de intimidações econômicas. Ele enfatizou a necessidade de união no Brics, posicionando o bloco como um “motor do crescimento” e um pilar de resistência contra as pressões externas.
Representantes de outros países também reforçaram essa visão. Ali AlNuaimi, dos Emirados Árabes Unidos, enfatizou que a nova ordem mundial está em transformação e propôs que o Brics seja uma ponte entre as nações, evitando a mentalidade de ganhos à custa de perdas. “No Brics, trabalhamos para que todos possam ganhar”, ressaltou.
A Indonésia, recente membro permanente do bloco, trouxe à tona a proposta de usar moedas locais para transações comerciais, diminuindo a dependência do dólar. “Essas opções de pagamento reforçam nossa resiliência econômica para lidar com os desafios que enfrentamos”, afirmou o deputado Mardani Ali Sera.
Representantes da África do Sul, Nigéria e países da América Latina, como Bolívia e Cuba, também se manifestaram sobre os benefícios da colaboração no Brics e a necessidade de reformar instituições multilaterais como a ONU e a OMC. O deputado Supra Mahumapelo, da África do Sul, destacou que as grandes potências frequentemente ignoram os interesses dos países em desenvolvimento, e afirmou que “a arquitetura do sistema internacional” precisa ser revista para promover um equilíbrio.
Além das questões comerciais, as discussões também giraram em torno da segurança financeira e os desafios impostos por políticas unilaterais que buscam salvar a hegemonia do dólar. O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores de Cuba, Alberto Nuñez Betancourt, elogiou a missão do Brics em promover um Novo Banco de Desenvolvimento que priorize o uso de moedas locais e atraia investimentos para países em desenvolvimento.
Com a expansão do Brics, que atualmente inclui novos membros como Irã, Arábia Saudita e Etiópia, o bloco se consolida como uma alternativa significativa à ordem econômica global vigente, buscando proporcionar um espaço para que economias emergentes se unam e, assim, desafiem práticas comerciais unilaterais que comprometam seu desenvolvimento.
Fotos: Lula Marques/Agência Brasil
Parlamentares do Brics criticam guerra tarifária promovida pelos EUA
Fonte: Agencia Brasil.
Internacional