A contaminação por metais nos pescados da região de Mariana (MG) e do litoral capixaba tem se tornado um tema cada vez mais preocupante, especialmente após quase uma década desde a tragédia da Samarco. De acordo com o professor e pesquisador Adalto Bianchini, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), os níveis de metais como mercúrio e arsênio nos peixes e camarões estão em alerta, principalmente no mar.
As pesquisas realizadas ao longo dos últimos anos têm analisado diferentes partes dos peixes, como as guelras, o fígado e o músculo, a fim de compreender a contaminação em diferentes tecidos. Os resultados indicam que, enquanto os níveis de metais nos peixes de água doce diminuíram ao longo do tempo, os pescados provenientes do mar apresentam concentrações crescentes de mercúrio e arsênio.
Segundo Bianchini, o camarão marinho tem sido especialmente afetado, com altas concentrações de arsenio e mercúrio. Essa contaminação é atribuída ao acúmulo de sedimentos ao longo do tempo, sendo o sedimento a principal fonte de contaminação. Embora a água também possa se contaminar com a remoção do sedimento em dias de chuva, a maior parte dos contaminantes permanece no sedimento.
Diante desse cenário preocupante, os pescadores presentes na reunião demonstraram grande apreensão com a situação. O presidente do Sindicato dos Pescadores e Marisqueiros do Espírito Santo (Sindipesmes), José Carlos Lambisgóia, expressou sua preocupação com a saúde e segurança dos pescadores, enfatizando a necessidade de ações imediatas para proteger a população afetada.
O coordenador do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática, Joca Thomé, defendeu a importância de uma nova abordagem na relação entre o poder público e as comunidades impactadas, sugerindo a suspensão temporária da pesca como uma medida protetiva. A deputada Janete de Sá cobrou do governo federal a continuidade das pesquisas e exames de saúde para os pescadores, visando garantir a segurança alimentar e a saúde da população.
Por sua vez, o professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Mauricio Hostim, destacou a importância do Projeto de Monitoramento e Caracterização Socioeconômica da Atividade Pesqueira no Rio Doce e no litoral do Espírito Santo, que tem contribuído para compreender a produção pesqueira na região e apoiar a gestão dos recursos pesqueiros.
Em meio às preocupações com a contaminação por metais nos pescados, é fundamental que medidas sejam tomadas para proteger a saúde dos pescadores e consumidores, bem como garantir a sustentabilidade da atividade pesqueira na região. A cooperação entre pesquisadores, pescadores, autoridades públicas e empresas é essencial para enfrentar os desafios decorrentes da tragédia da Samarco e promover a recuperação ambiental e social das comunidades afetadas.
Fonte: Assembleia Legislativa do ES.
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