Preços dos Alimentos devem cair em 60 dias, afirma ministra Simone Tebet
O principal fator que tem pressionado a inflação nos últimos meses, os preços dos alimentos no Brasil, deve ter uma queda significativa nos próximos 60 dias. A declaração foi feita nesta quarta-feira (2) pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante um evento que celebrou os 60 anos do Banco Central (BC).
Em sua fala, Tebet ressaltou que essa redução nos preços pode ser um incentivo para a diminuição das taxas de juros no segundo semestre deste ano, sem violar a autonomia do Banco Central. “Falta combatermos de forma mais eficiente a inflação. Sei que vamos conseguir. Daqui a 60 dias, quem sabe, a diminuição no preço dos alimentos… Quem sabe, porque o Banco Central é autônomo, possamos diminuir os juros no segundo semestre,” declarou a ministra, gerando aplausos entre os presentes.
Contudo, ela também reconheceu os desafios externos que podem impactar a inflação interna, citando a elevação de tarifas comerciais pelos Estados Unidos como um fator potencialmente dificultador. “Estamos com fatores além-mar, que poderão impactar a inflação mundial e brasileira,” afirmou Tebet, após enfatizar que a diversificação dos parceiros comerciais do Brasil pode ajudar a mitigar os efeitos adversos.
Além de discutir a inflação, a ministra se posicionou sobre a necessidade de revisar os incentivos fiscais do governo, que atualmente totalizam quase R$ 600 bilhões. Ela destacou a importância de revisar as renúncias fiscais, pois algumas beneficiam toda a economia, enquanto outras precisam ser revistas.
Preços sob pressão
Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central indicou que os preços dos alimentos continuam elevados e, devido à inércia econômica, poderão gerar repasses de inflação para outros setores no médio prazo. De acordo com o Relatório de Inflação divulgado na semana passada, a inflação acumulada em 12 meses deve se manter em torno de 5,5%, ficando acima do limite da meta de 4,5%.
O relatório indica que, embora alimentos industrializados mostrem alguma moderação nos preços, aqueles considerados in natura devem ter uma evolução estável ou acima da sazonalidade prevista.
Perspectivas do ministro da Fazenda
O evento também contou com a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que destacou a transição pacífica entre a liderança do BC, ex-presidido por Roberto Campos Neto e agora por Gabriel Galípolo. Haddad enfatizou a importância desta estabilidade institucional para enfrentar a polarização política.
“Se não tivermos uma visão institucional, dificilmente vamos vencer a má polarização da política,” mencionou.
Contribuições legislativas
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, fez referência às parcerias entre o Banco Central e o Congresso na modernização da legislação de política monetária, citando a lei que garantiu a autonomia do BC, aprovada em 2021, como um marco decisivo para a estabilidade econômica.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, concordou com essa visão, ressaltando que a autonomia do BC promoveu uma gestão mais transparente e previsível.
Comemorações e lançamentos
No evento, o Banco Central e os Correios lançaram um selo institucional em homenagem aos 60 anos da autoridade monetária. O BC também anunciou um programa de entrevistas com ex-presidentes da instituição, que será transmitido às quintas-feiras no YouTube.
Os festejos reuniram diversos líderes e ex-presidentes do Banco Central, incluindo Davi Alcolumbre, Hugo Motta, e Fernando Haddad, além de importantes figuras do governo, como os ministros Luiz Marinho e Ricardo Lewandowski.
A programação foi marcada pela presença de ex-presidentes do BC, como Pedro Malan e Armínio Fraga, que contribuíram para a construção da política monetária brasileira nos últimos seis décadas.
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Fonte: Agencia Brasil.
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