Povo Rikbaktsa Retoma Produção de Borracha como Alternativa Sustentável
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Reportagem por: [Seu Nome]
No noroeste de Mato Grosso, o povo indígena Rikbaktsa está se organizando para revitalizar a produção de borracha, uma prática que foi abandonada há mais de uma década. Essa atividade surge como uma solução financeira para as aldeias e como um meio de preservação das seringueiras, arboras essenciais para a floresta amazônica, que são consideradas as “mães da floresta”.
Os Rikbaktsa estão em negociações para fornecer borracha à empresa francesa Michelin, que tem interesse em adquirir matéria-prima proveniente da região amazônica. Para os indígenas, respeitar a natureza é de suma importância, pois a floresta precisa ser cuidada para que as próximas gerações possam usufruir de seus recursos. Essa abordagem introdutória à extração do látex, utilizado na produção de borracha, se diferencia pelo cuidado com as árvores: os cortes são realizados com moderação e intervalos são respeitados para permitir a recuperação das plantas.
Historicamente, as seringueiras foram alvo de conflitos territoriais entre os Rikbaktsa e seringueiros nas décadas de 1940 a 1960. Recentemente, a produção de borracha pelos indígenas teve uma pausa devido aos preços baixos, que chegavam a R$ 0,50 por quilo e dificuldades logísticas para comercialização. Contudo, uma nova dinâmica se apresenta com o projeto "Juntos pela Amazônia – Revitalização da Cadeia Extrativista da Borracha", que envolve diversas organizações, entre elas a ONG Memorial Chico Mendes e a Michelin.
O projeto Biodiverso, que conecta os Rikbaktsa aos compradores e é patrocinado pela Petrobras, presta suporte ao retorno da produção de borracha, oferecendo formação e logística. Em 2008, os Rikbaktsa conseguiram comercializar 17 toneladas do produto. Agora, a expectativa é de alcançar 90 toneladas até 2027, abrangendo diversas Terras Indígenas (TIs) da região.
A retomada dessa atividade está despertando o interesse dos integrantes das aldeias, tanto de antigos produtores quanto de jovens que buscam garantir uma fonte de renda. Donato Bibitata, de 67 anos, é um dos retornantes à extração do látex, e compartilha seu conhecimento sobre o cuidado necessário com as seringueiras. “Daqui a alguns anos, as seringueiras ainda estarão aqui, e nossos netos poderão trabalhar com elas”, ressalta.
Por outro lado, Rogerderson Natsitsabui, 30 anos, é um novato na atividade e vê na extração uma forma de complementar a renda enquanto sonha em cursar direito. "Meu foco sempre foi buscar uma formação, mas nunca vou abandonar o que aprendi aqui", afirma.
Renato Pereira, assessor de Mercados do Biodiverso, destaca que a extração sustentável de látex não só proporciona sustentação financeira às famílias, mas também reforça sua atuação como guardiões de seus territórios. O preço da borracha está previsto para subir, com negociações estabelecendo R$ 13 por quilo a partir de 2025, facilitando a formalização das vendas.
O projeto Biodiverso visa, até 2027, auxiliar 300 extrativistas na produção de borracha e outros produtos com práticas sustentáveis, contribuindo para a conservação de 1,4 milhão de hectares do bioma amazônico. Patrocinado pela Petrobras, representa um eixo importante dentro do Programa Petrobras Socioambiental, que atualmente apoia 170 iniciativas voltadas para florestas, oceanos, educação e desenvolvimento econômico sustentável.
A recuperação da produção de borracha pelos Rikbaktsa, com enfoque em práticas sustentáveis e diretas, demonstra um caminho promissor para a preservação da cultura indígena e para a sustentabilidade econômica pós-conflitos históricos na Amazônia.
Imagem: Terra Indígena Erikpatsa, do Povo Rikbaktsa. Fernando Frazão/Agência Brasil
Matéria publicada por Agência Brasil – Governo Federal do Brasil.
Povo Rikbaktsa volta a extrair látex sem patrões e respeitando a mata
Fonte: Agencia Brasil.
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