“Tarifaço” de Trump é Ineficaz, Afirma Economista da Harvard
Rio de Janeiro (RJ) – Durante um seminário sobre globalização, o professor e economista da Universidade de Harvard, Dani Rodrik, criticou as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma estratégia falha que não beneficia a economia americana. De acordo com Rodrik, essas taxações não contribuem para a geração de empregos de qualidade, um dos principais objetivos alegados por Trump em sua política comercial.
Rodrik, que é também codiretor do Programa Reimagining the Economy, enfatizou que o “tarifaço” não apenas falha em incentivar a indústria americana, mas pode ser autodestrutivo a longo prazo. “Há uma boa chance de que, no final das contas, isso seja autodestrutivo”, afirmou.
No evento, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Open Society Foundations, o economista ressaltou que os efeitos adversos das tarifas sobre os produtos importados, que afetam 35,9% das mercadorias enviadas do Brasil para os EUA, são evidentes. No último dia 6, entrou em vigor uma tarifa de 50% sobre parte das exportações brasileiras, o que representa cerca de 4% do total exportado pelo Brasil.
“Os objetivos alegados por Trump, como a reconstrução da indústria americana e o fortalecimento da classe média, não serão alcançados com tarifas de importação”, declarou Rodrik, acrescentando que essas taxas, embora possam aumentar a arrecadação e lucros em certos setores, não se traduzem em investimentos em inovação ou na contratação de mais trabalhadores.
“Quando algumas empresas se tornam mais lucrativas, elas necessariamente inovam mais? Elas necessariamente investem mais?”, questionou. Para o economista, a adoção de tarifas deve ser uma medida temporária e acompanhada de políticas internas que estimulem efetivamente a economia.
Rodrik criticou a falta de clareza nos interesses por trás das políticas de Trump e comparou a estratégia americana com o modelo da China, que, segundo ele, adota políticas focadas no crescimento econômico nacional.
Críticas Outra Vez à Administração Trump
A crítica às políticas de Trump não veio apenas de Rodrik. Alex Soros, presidente do Conselho da Open Society, também abordou o impacto negativo das reduções no financiamento da Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), afirmando que cortes na ajuda humanitária resultaram em mortes ao redor do mundo. “Isso não é um interesse americano”, enfatizou Soros.
Na quarta-feira (20), durante o seminário, a Open Society anunciou um plano de investimento voltado para populações historicamente marginalizadas na América Latina, com foco no Brasil, Colômbia e México. O objetivo é fomentar políticas públicas que promovam acesso a serviços e qualidade de vida.
Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, destacou que as políticas de Trump têm um impacto profundo em países em desenvolvimento e em situações mais vulneráveis. “Não temos como enfrentar as desigualdades no mundo de forma isolada”, concluiu.
Imagens:
Foto: André Telles/BNDES
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Tarifaço é ineficaz até para americanos, diz economista de Harvard
Fonte: Agencia Brasil.
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