Vigília pela Terra no Rio de Janeiro reúne líderes religiosos e sociedade civil em prol da proteção ambiental
Um extenso gramado localizado entre dois ícones da arquitetura carioca, a Igreja da Candelária e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), foi o palco da edição carioca da Vigília pela Terra, realizada neste sábado (30). A vigília ocorre a pouco mais de 70 dias da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), marcada para acontecer em Belém, com foco na urgência de medidas contra o aquecimento global.
Organizada pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser), uma organização da sociedade civil e de caráter laico, o evento promoveu a conscientização acerca da crise climática, que tem gerado tragédias ambientais cada vez mais frequentes. Centenas de participantes foram atraídos por uma programação que incluiu apresentações musicais, danças e ofertas gastronômicas, além da presença de líderes religiosos de diversas tradições.
Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Iser, destacou a importância da mobilização de grupos de fé na proteção do meio ambiente: “Os grupos de fé, a partir das suas vertentes, livros sagrados e crenças, são originalmente protetores da casa comum, da natureza, da Terra. Ter representantes religiosos como aliados na proteção ambiental é fundamental para sensibilizar a população”, afirmou.
Ela também frisou o combate ao negacionismo que permeia o debate ambiental no Brasil atual: “Vivemos em um momento em que forças políticas e econômicas se opõem à proteção ambiental”.
A COP30 reunirá autoridades, especialistas e representantes da sociedade civil de vários países, de 10 a 21 de novembro, com o propósito central de discutir o combate ao aquecimento global e a busca por justiça climática, visando proteger populações vulneráveis.
Historicamente, a Vigília pela Terra teve sua primeira edição em 1992, durante a Rio 92, a segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que contou com a participação de cerca de 30 mil pessoas, incluindo líderes como o Dalai Lama e Dom Helder Câmara.
Neste ano, a série de vigílias percorrerá as cinco regiões do Brasil, com a primeira realizada em Brasília, seguida por Porto Alegre, Rio de Janeiro, Manaus e Natal, com o encerramento em Recife e o ponto culminante em Belém no dia 13 de novembro. Ana Carolina enfatizou que o formato descentralizado das vigílias facilita a conscientização e o envolvimento das comunidades.
Maria Lalla Cy Aché, integrante do grupo Danças da Paz Universal, destacou o papel da dança como uma forma de disseminar energia positiva e conscientização: “Precisamos repensar o mundo, buscando um futuro mais justo e amoroso”.
O babalaô Ivanir dos Santos, conselheiro do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas, ressaltou a conexão intrínseca das religiões tradicionais de matriz africana com o meio ambiente: “Elementos como a terra, água e fogo são considerados sagrados, e a preocupação com o equilíbrio destes elementos é central para a espiritualidade”, comentou.
Ivanir, assim como outros líderes religiosos presentes, defendeu a importância de integrar a espiritualidade na mobilização em prol do meio ambiente: “Quando um elemento deixa de ser sagrado, ele passa a ser explorado; é fundamental manter o respeito à natureza sagrada”, finalizou.
O Brasil, segundo o Censo 2022 do IBGE, possui uma população predominantemente religiosa, com mais de 90% de seus cidadãos professando alguma fé. Isso torna os líderes religiosos uma força significativa na luta pela preservação ambiental e sensibilização da sociedade para as questões climáticas.
Imagens:
- Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil – Ana Carolina Evangelista, diretora-executiva do Iser.
- Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil – Babalaô Ivanir dos Santos, conselheiro do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas.
Com COP30 no Brasil, vigília religiosa pede conscientização ambiental
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente