Virada Cultural Amazônia de Pé: Mobilização Nacional em Defesa das Florestas
A 4ª edição da Virada Cultural Amazônia de Pé acontecerá de 19 a 21 de setembro, em todo o Brasil, com o objetivo de mobilizar a sociedade em prol da proteção das Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs). O evento surge a 50 dias da Conferência das Partes (COP30), que será realizada em Belém (PA), e visa destacar a importância da preservação de 50 milhões de hectares de florestas essenciais na luta contra a crise climática.
As atividades ocorrerão nas cinco regiões do país, reunindo artistas, ativistas e membros da sociedade civil sob o lema: “50 dias para a COP, 50 milhões de hectares a serem protegidos”. O movimento também pretende enviar ofícios aos governadores da Amazônia Legal para solicitar audiências e apresentar propostas de gestão das florestas.
Entre as ações previstas em Belém, onde está situada a COP30, destacam-se 64 atividades, que incluem oficinas sobre remédios naturais, cineclubes, rodas de conversa e apresentações culturais. A chef indígena Tainá Marajoara liderará um manifesto em defesa da cultura alimentar amazônica, enquanto coletivos como o Chibé promoverão debates sobre mudanças climáticas em espaços públicos.
No Sudeste e Sul, a programação abrange a Feira Onça, em Magé (RJ), que foca na economia popular e no debate climático, e atividades em Porto Alegre (RS), onde o coletivo SOS Floresta do Sabará trabalha na defesa de áreas remanescentes da Mata Atlântica após as enchentes de 2024.
O movimento também articula o Projeto de Lei de Iniciativa Popular Amazônia de Pé, que já reuniu mais de 300 mil assinaturas. Para que a proposta comece a tramitar no Congresso, é necessário alcançar 1,5 milhão de assinaturas. A proposta visa dar uma destinação legal às FPNDs, que são frequentemente alvo de desmatamento, queimadas, grilagem e garimpo.
Catarina Nefertari, Gestora de Comunicação e Mobilização da Amazônia de Pé, enfatiza a importância de fazer com que a produção do bioma e a vida dos povos que habitam a região não sejam apenas uma preocupação local, mas um esforço coletivo. “Proteger a Amazônia é uma das maiores contribuições que o Brasil pode fazer pelo futuro do planeta”, afirma Catarina, ressaltando que o território é vital para a justiça climática e o equilíbrio ambiental global.
Dados do Observatório das Florestas Públicas revelam que, entre janeiro e julho de 2025, foram desmatados 262,5 mil hectares na Amazônia, com 25% desses danos ocorrendo em FPNDs. Além disso, 59,7 mil hectares dessas áreas foram afetados por queimadas, sendo que três quartos estão em terras federais, com o Pará concentrando 59% das áreas atingidas.
Especialistas apontam que as FPNDs têm a capacidade de armazenar até 5 bilhões de toneladas de carbono; sua destruição poderia resultar na liberação de 19 bilhões de toneladas de CO₂, o que representaria 51% das emissões globais previstas para 2024. O engajamento da sociedade em favor da Amazônia é, segundo Catarina, uma forma de inspirar um ativismo mais amplo em defesa dos diversos biomas do Brasil.
“As áreas destinadas a povos indígenas e quilombolas têm as menores taxas de crimes ambientais. Se desejamos que o Brasil continue avançando em desenvolvimento econômico e social, promovendo justiça social, precisamos destinar essas florestas para quem sempre as protegeu”, conclui Catarina.
Virada Cultural Amazônia de Pé mobiliza sociedade para proteger bioma
Fonte: Agencia Brasil.
Meio Ambiente